A Endocardite
Infecciosa (EI) é uma doença comum, que causa alto índice de mortalidade. Em torno de 20% dos
doentes não sobrevivem.Trata-se de uma infecção da parede interna do coração ou das
válvulas do coração e uma de suas causas é a má conservação dos dentes.
Ocorre quando
há presença de microorganismos, como bactérias, no fluxo sanguíneo e estas
encontram tecidos cardíacos danificados, ou válvulas cardíacas anormais, onde
podem se multiplicar livremente, causando uma infecção.
O Incor, que é um
centro de referência na doença, registra a cada mês dez a doze pacientes com
endocardite. Cerca de 40% destes casos têm origem bucal e são descobertos tanto
por infecções espontanêas, resultantes de dentes ou gengivas em mau estado,
quanto pela manipulação de área infectada para tratamento odontológico.Nestes
casos, o que provoca a doença é a bactéria Streptococcus viridans, que habita
normalmente a boca, sem provocar qualquer dano. Mas, ao entrar na circulação,
esta bactéria vai parar no coração e pode provocar a endocardite.
Raramente, também pode ocorrer em
pessoas com coração normal. Entretanto, se a pessoa tem algum fator
predisponente, há maior probabilidade de desenvolver E.I.
Isto é particularmente importante no Brasil em função da alta frequência de outra
doença, a Febre Reumática. Também ocorre devido à alta incidência de cáries nos
dentes e de doença periodontal (gengivite e periodontite).
Portadores de doenças
ou lesões de válvula cardíaca e cardiopatias congênitas devem ter a
máxima atenção com a saúde bucal. E havendo necessidade de algum tipo de
manipulação dentária, deve identificar-se ao dentista como portador de tais
doenças e levar declaração do cardiologista de que precisa tomar um antibiótico
preventivo, antes de qualquer intervenção.
A Febre Reumática surge a partir de uma
infecção na garganta mal tratada, na infância. Acomete as válvulas do coração,
principalmente as do lado esquerdo, deixando-as propícias ao desenvolvimento da
EI. Daí a necessidade do uso de antibiótico profilático em pacientes com febre
reumática.
Outro fator que aumenta as chances de
desenvolver a doença é a presença de cáries. Sabe-se que os procedimentos para
tratamento da cárie podem causar a passagem das bactérias para a corrente
sanguínea. Estas bactérias, por sua vez, podem causar endocardite em pessoas
predispostas. Algumas doenças periodontais, como gengivite e periodontite,
também aumentam o risco de E.I. A gengiva deve ter coloração rósea
claro, não sangrar quando escovar os dentes, não apresentar inchaço e ter boa
aderência aos dentes. Se a pessoa tem algum problema cardíaco deve procurar um
dentista regularmente e apresentar boa higiene oral.
Nem todos os tipos de endocardite podem
ser prevenidas. Porém, se a pessoa tem problema no coração e vai ser submetida
a um procedimento dentário,é bom procurar um profissional especializado em
atender pacientes especiais. Se a pessoa tem problema cardíaco, como alteração
causada pela febre reumática, precisa manter a saúde bucal, pois o risco de
desenvolver E.I.,é alto.
Pessoas transplantadas cardíacas
precisam manter a saúde bucal e precisam do atendimento de um
cirurgião-dentista especializado, um profissional que entenda a interação dos
medicamentos consumidos e ainda conheça a
prevenção de problemas que podem ocorrer, pois os medicamentos ingeridos por um
transplantado abaixam a imunidade.
Pacientes que fazem uso de
anticoagulantes podem ter problemas com sangramento, em alguns procedimentos
dentários, como extração de dentes, cirurgias bucais e limpeza dentária, e pode
ser de difícil controle. Por isso, o paciente em uso desse medicamento deve
procurar atendimento odontológico especial, pois medidas locais devem ser
adotadas para evitar hemorragias.
Pessoas sem dentes correm o risco de ter
E.I, principalmente, a causada por fungos em quem usa dentadura, na qual deve
ser feita a limpeza após as refeições. O dentista deve ser
procurado para avaliar as mucosas e os ossos adjacentes, através de radiografia.E
pode descobrir, através da desta, raízes de dentes que permanecem nos ossos,
após a tentativa de extração, ou mesmo pelo próprio curso da cárie, assim como
algumas lesões que podem representar focos infecciosos, levando a um maior
risco de Endocardite e podendo até impedir a cirurgia cardíaca, caso essa seja
necessária.
Na correria do dia a dia,é muito comum esquecermos de fazer a higiene bucal.
Vamos tentar lembrar.
Cuide bem dos seus dentes,
Seu coração agradece!
Dra.Márcia Cristina
Fonte: SOCESP / INCOR